quinta-feira, 29 de setembro de 2005

Decidindo Esquecer

Se queres um novo caminho, tens que aprender a deixar para traz o que já não tem significado para ti, para assim, dar lugar ao novo que é a tua mais pura realidade.A realidade que pertence ao conhecimento de ti mesmo; abrangendo áreas do teu ser que precisam e devem ser expandidas, para que possas saltar para mais perto da tua origem.Decide esquecer o que traz bloqueios à tua jornada, à tua alegria, à tua confiança; o que traz medos e inseguranças aos teus planos.Decide esquecer o que não pode te dar consciência do teu potencial que é feito para ser atento, criativo e amoroso. Coloca a tua atenção na subtileza, na integridade dos teus verdadeiros sentimentos, que mostram o caminho a ser percorrido para que sejas puro de coração.Desfruta disso, é o único meio de compreenderes que a vida brota de cada momento presente que doares a ti próprio.

Estação Paz

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Inconstância

Retome seu centro, retome a alegria em estar presente, para que possa entender seu momento e suas dúvidas.Estará, desta forma, colaborando para uma conscientização maior das suas emoções e a verdadeira integração de seu ser com as influências do meio.Compreenderá então que a inconstância nada mais é que a distância que separa seus sonhos de si próprio.

Estação Paz

sábado, 24 de setembro de 2005

Raiva (34)

O monje com um temperamento ingovernável


Na próxima vez que ficar com raiva, corra e dê sete voltas ao redor da casa, e depois sente-se debaixo de uma árvore e observe para aonde foi a raiva. Você não a reprimiu, não a controlou, não a lançou sobre outra pessoa...Raiva é somente um vômito mental. Não há nenhuma necessidade de jogá-la sobre outra pessoa. Faça um pouco de exercício ou pegue um travesseiro e bata nele até que suas mãos e dentes fiquem relaxados. Na transformação você nunca controla, simplesmente se torna mais cônscio. Raiva está acontecendo - é um belo fenômeno, justamente como a eletricidade nas nuvens...

Um estudante do Zen veio até Bankei e disse: “Mestre, tenho um temperamento incontrolável. Como posso me curar disso?” “Mostre para mim esse temperamento, “ disse Bankei, “pois ele me soa fascinante.” “Não estou destemperado agora,” disse o estudante, “assim não posso mostrá-lo a você.” “Então,” disse Bankei, “traga-o para mim quando você o tiver.” “Mas não posso trazê-lo quando este acontecer,” protestou o estudante. “É algo que surge inesperadamente, e certamente já o terei perdido antes de chegar até você.” “Nesse caso,” disse Bankei, ”Isso não pode ser parte de sua verdadeira natureza. Se fosse, você poderia mostrá-lo para mim a qualquer momento. Quando você nasceu não tinha esse temperamento, então isso deve ter vindo de fora. Sugiro que, sempre que isso acontecer, você bata em si mesmo com uma vara até que o temperamento se descontrole e vá embora.”Mesmo quando a raiva estiver acontecendo, se você tornar-se subitamente cônscio, ela desaparece. Experimente! Justo em meio a tudo isso, quando seu sangue estiver fervendo e você fica com ganas de matar alguém – nesse momento torne-se cônscio, e você irá sentir que alguma coisa mudou: um câmbio dentro ‘encaixando’, você pode sentir o clique, seu ser interior relaxou. Pode levar tempo para sua camada externa relaxar, mas o ser interior já relaxou. A cooperação foi quebrada... agora você não está mais identificado. O corpo levará algum tempo para descansar, mas bem fundo no centro, tudo está tranquilo. Percepção é necessária, não condenação. E através da perceptividade, a transformação acontece espontaneamente. Se perceber sua raiva, o entendimento penetrará em você. Apenas observando, sem nenhum julgamento, nem dizendo que é bom nem ruim, só observando seu céu interior. Há relâmpagos, há raiva, você esquenta, todo o sistema nervoso se agita e você sente um tremor pelo corpo inteiro – um belo momento, pois a energia ativa pode ser observada facilmente. Quando esta não está ativa você não pode observá-la. Feche os olhos e medite sobre isso. Não lute, apenas olhe no que está acontecendo – o céu inteiro cheio de eletricidade, tantos relâmpagos, tanta beleza. Deite-se no chão e olhe para o céu e observe. Depois faça o mesmo dentro de você. Alguém lhe insultou, alguém riu de você, alguém disse isso ou aquilo... muitas nuvens, nuvens negras no céu interior e muitos relâmpagos. Observe! É uma cena bonita – terrível também, pois você não a compreende. É misteriosa e, se o mistério não for compreendido, torna-se terrível, você fica com medo dele. E sempre que um mistério é compreendido, torna-se uma graça, um presente, pois agora você possui as chaves, e com elas, você é o mestre.

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

"Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades. E essa tal felicidade anda por ai, disfarçada, como uma criança tranquila brincando de esconde-esconde. Infelizmente as vezes não percebemos isso e passamos nossa existência coleccionando nãos: a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa que não fomos, o amor que não vivemos, o perfume que não sentimos. A vida é mais emocionante quando se é actor e não espectador; quando se é piloto e não passageiro, pássaro e não paisagem, cavaleiro e não montaria. E como ela é feita de instantes, não pode nem deve ser medida em anos ou meses, mas em minutos e segundos. Esta mensagem é um tributo ao tempo. Tanto aquele tempo que você soube aproveitar no passado quanto aquele tempo que você não vai desperdiçar no futuro. Porque a vida é agora... Não tenha medo do futuro, apenas lute e se esforce ao máximo para que ele seja do jeito que você sempre desejou. A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos."

Dalai Lama

Devoção (56)

A Dança do Templo de Meera

A devoção é uma forma de unir-se e fundir-se com a existência. Não é uma peregrinação. Significa apenas perder todos os limites que separam você da existência. É uma relação amorosa. O amor é a união com um indivíduo, uma intimidade profunda entre dois corações, tão profunda que os dois corações começam a dançar na mesma harmonia. Ainda que os corações sejam dois, há uma única harmonia, uma única música, uma única dança. Assim como falamos do amor entre duas pessoas, falamos da devoção entre um indivíduo e toda a existência. Ele dança nas águas do oceano, ele dança nas árvores que dançam ao sol, ele dança com as estrelas. Seu coração responde à fragrância das flores, à canção dos pássaros, aos silêncios da noite. A devoção é a morte da personalidade. Por sua própria vontade, você abandona aquilo que é mortal em você. Resta apenas o imortal, o eterno, aquilo que não morre jamais. E aquilo que não morre não pode ser separado da existência - que também não morre, está sempre indo, não conhece início nem fim. A devoção é a maior forma de amor.

Jesus disse uma vez: "Deus é amor." Se tivesse sido escrito por uma mulher, ela teria dito: "O amor é Deus." Deus deve ser secundário, é uma hipótese mental. Mas o amor é uma realidade que pulsa em cada coração. Ao longo da história, encontramos pessoas como Meera. Mas só mulheres extremamente corajosas seriam capazes de se libertar de um sistema social repressivo. Ela pôde fazer isso, pois era uma rainha, ainda que sua família tenha tentado matá-la porque ela dançava nas ruas. A família não podia tolerar isto. Sobretudo na Índia, onde as mulheres são muito oprimidas. E uma mulher tão bela quanto Meera, dançando nas ruas e cantando... Havia um templo em Vrindavan, onde Krihna havia morado. Construíram um grande templo em sua memória e, nesse templo, não podiam entrar mulheres. Elas só podiam ficar do lado de fora, no máximo tocar as escadas do templo. Nunca haviam visto a estátua de Krishna que ficava lá dentro, pois o sacerdote era muito inflexível. Quando Meera veio, o sacerdote ficou preocupado que ela entresse no templo. Dois homens, com espada à mostra, foram colocados na frente do portão para impedir que Meera entrasse. Mas quando ela veio - e pessoas assim são raras, uma brisa tão perfumada, uma dança tão bela, uma canção que coloca em palavras aquilo que não pode ser dito em palavras - esses dois homens se esqueceram do que estavam fazendo ali e Meera entrou dançando no templo. Era a hora em que o sacerdote rezava para Krishna. Seu prato, cheio de flores, caiu no chão quando ele a viu. Ele estava absolutamente irritado e disse a ela: "Você quebrou uma regra de centenas de anos. "Ela respondeu: "Que regra?"O sacerdote disse: Nenhuma mulher pode entrar aqui."E vejam a resposta... Isso é coragem. Meera disse: "Então como você entrou aqui? A não ser por um único - aquele que é o supremo, o amado -, todos os outros são mulheres. Você acredita que há dois homens no mundo: você e o supremo? Não diga bobagens." Ela certamente tinha razão. Uma mulher de grande coração olha para a existência como um amado. E a existência o é.

domingo, 18 de setembro de 2005

Tua luz!

Tua luz brilha, mesmo quando não a queres, mesmo quando não a vês. Poderás esconder-te de ti mesmo, apagando todas as tuas velas, todas as tuas lamparinas; cobrindo com véus as tuas estrelas azuis, nublando com nuvens pesadas o teu céu para que nele nem a lua e nem o sol possam ser vistos...Mas quando te distraíres, por segundos, ao som de uma canção que invoca a luz do amor, quando te distraíres olhando para o mar ou brincando sem querer com os cata-ventos da tua memória, saberás que brilhaste... E, se neste momento, puderes soltar tuas amarras e, feito um pássaro, voar pelo teu universo interior, verás quão luminoso é o teu ser.Sentirás as mãos amorosas da existência guiando teu coração e ensinando-te a amar...Saberás não estar sozinho, saberás ser amado e agraciado pelo amor do teu Criador. E tudo isso porque deixaste, sem querer, a tua luz iluminar, o teu ser respirar a vida que brota alegre a cada momento em que te decides por ti mesmo.Lembra, Deus abençoa e te sorri por isso...

Estação da Paz

sábado, 17 de setembro de 2005

Os Portais do Paraíso (37)

O Orgulho do Samurai

Paraíso e inferno não são locais geográficos, são psicológicos, são a sua psicologia. Paraíso e inferno não estão no final de sua vida, estão aqui e agora. A cada momento as portas se abrem, a todo momento você fica ondulando entre o paraíso e o inferno. É uma questão de momento-a-momento, é urgente, em um único momento você pode mover-se do inferno para o paraíso, do paraíso para o inferno.
Ambos estão dentro de você. Os portões estão bem próximos um do outro: com a mão direita você pode abrir um, com a mão esquerda você pode abrir o outro. Basta uma simples mudança na sua mente, seu ser se transforma. Do paraíso para o inferno e do inferno para o paraíso. Sempre que você age inconscientemente, sem percepção, está no inferno. Sempre que você está consciente, quando você age com plena atenção, está no paraíso.

Subitamente, quando Hakuin disse: "Aí está o portal, você já o abriu", a própria situação deve ter despertado a percepção do Samurai. Um único momento a mais e a cabeça de Hakuin teria sido cortada. E Hakuin disse: "Esse é o portal do inferno." Não foi uma resposta filosófica, pois nenhum mestre responde em termos filosóficos. A filosofia existe apenas para as mentes medíocres e não-iluminadas. O mestre responde, mas a resposta não é verbal, ela é plena. O fato de que aquele homem poderia tê-lo morto não é o mais importante. "se você me matar, e isso o tornar alerta, perceptivo, então vale a pena." Hakuin apostou nisso. Eis o que deve ter acontecido com o guerreiro - parado, com a espada na mão, Hakuin à sua frente - e não havia rido nos olhos de Hukuin, seu rosto estava sorridente, e os portais do paraíso se abriram. Ele entendeu: a espada retornou à bainha. Ao colocar a espada de volta, ele deve ter entrado em silêncio total, cheio de paz. A raiva havia desaparecido, a energia que se movia na raiva havia se tornado silêncio. Se você de repente se tornar perceptivo no meio da raiva, sentirá uma paz que nunca sentiu antes. A energia estava se movendo e, subitamente, pára. Você encontrará o silêncio, o silêncio imediato. Cairá em seu ser interior e a queda será tão repentina que você se tornará perceptivo. Não é uma queda lenta, é tão abrupta que você não pode deixar de se tornar perceptivo. Só é possível permanecer não-perceptivo com coisas rotineiras, com coisas graduais, quando você se move tão lentamente que não pode sentir o movimento. Isso foi um movimento súbito, passando da atividade para a não-atividade, do pensamento para o não-pensamento, da mente para a não-mente. Enquanto recolocava a espada em sua bainha, o guerreiro compreendeu. E Hakuin disse: "Aqui se abrem as portas do paraíso." O silêncio é a porta. A paz interior é a porta. A não-violência é a porta. O amor e a compaixão são as portas.

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Fracasso (41)

Revelando o segredo do verdadeiro sucesso

Quando é manhã, é manhã. Quando é tarde, é tarde. Não há questão de escolha. Deixe a escolha de lado e você estará livre em toda parte - A liberdade só pode vir da não-escolha. Então quando você for jovem, isso é belo; quando for uma criança, isso é bonito; quando for velho, isso é bonito; quando estiver morrendo, isso é belo - porque você nunca se separa do todo, você é apenas uma onda no oceano.
A onda no oceano pode começar a pensar em si mesma como um indivíduo, mas assim estará com problemas. A onda no oceano nunca pensa em si mesma como algo em separado. Então, onde quer que o oceano a leve, ela vai de boa vontade, alegre, movendo-se em um bailado naquela direção.

Uma canção do místico Kabir:
Converso com meu amor interior e digo, por que tanta pressa? Sentimos que há algum tipo de espírito que ama os pássaros, os animais e as formigas – talvez o mesmo que lhe deu uma centelha no útero de sua mãe. Você acha lógico estar andando inteiramente órfão agora? A verdade é que você mesmo afastou-se e decidiu ir sozinho para a escuridão. Agora está emaranhado em outros e esqueceu o que uma vez sabia, e é por isso que tudo que você faz tem em si algum tipo de falha estranha. As coisas acontecem quando precisam acontecer. As coisas estão destinadas a acontecer no momento necessário. Tudo está indo bem – basta confiar. Lembre-se da diferença. O teólogo dirá: “Acredite no conceito de Deus.” O místico diz que não há necessidade de acreditar no conceito de Deus, apenas sentir a harmonia na existência. Isso não é um conceito, não é uma crença, é possível senti-lo, está em toda parte. É quase tangível.
No momento em que você acredita ser um com o todo, há um relaxamento, subitamente há um fluir acontece, você não precisa se controlar, você pode relaxar. Não há necessidade de ficar tenso, porque não há nenhuma meta pessoal a ser atingida por você. Você flui com Deus. O objetivo de Deus é o seu objetivo, o destino dele é o seu.
Você não tem um destino privado – é esse destino privado que traz problemas. Você não percebeu isso na sua própria vida? Tudo aquilo que você faz resulta em fracasso. Você ainda não conseguiu entender – você acredita que não fez as coisa da forma correta e por isso fracassou. Então tenta um outro projeto e fracassa novamente. Nessa hora você acha que suas habilidades não são boas o bastante, então parte para melhorar suas habilidade e fracassa novamente. Depois você pensa “O mundo inteiro está contra mim” ou “O destino está contra mim”, ou ainda “Sou uma vítima da inveja dos outros”. Você continuará encontrando explicações para seus fracassos, mas nunca irá compreender os motivos reais.
Kabir diz: o fracasso significa você-menos-Deus. Esse é o entendimento de Kabir. O fracasso é igual a você-menos-Deus, e o sucesso é igual a você-mais-Deus. O sucesso está dentro de Deus e com Deus. E, lembre-se, quando digo “Deus” não estou falando de uma pessoa sentada em algum paraíso, mas do espírito cósmico, do Tao, da lei que permeia toda a existência. A lei a partir da qual você nasceu e para a qual um dia irá retornar.
AMOR... não sei se sentes ou sentiste, só existe quando acreditamos!
BELEZA... tudo é belo quando amamos!
LIBERDADE... está dentro de cada um de nós, precisamos conquistá-la!
VERDADE está no que queremos acreditar ou não!... E tu, fugiste sempre daquilo que realmente queres!!
(De uma grande amiga minha que nunca esqueci! Obrigado pela força que me transmites!)

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

Preocupação (42)

A velha senhora no ônibus

Você já notou uma coisa? O presente é sempre saboroso, o presente é sempre um êxtase. Preocupação e sofrimento são gerados tanto pelo que você queria fazer no passado e não pode, ou pelo que você quer fazer no futuro e não sabe se será capaz de fazê-lo ou não. Você já parou para pensar, já prestou atenção nessa pequena verdade, de que não há qualquer sofrimento no presente, nenhuma preocupação?
É por isso que o presente não perturba a mente – é a ansiedade que perturba a mente. Não há sofrimento no presente. O presente não conhece o sofrimento, o presente é um momento tão pequeno que o sofrimento não tem como caber nele. No presente só cabe o paraíso, não inferno. O inferno é grande demais! O presente só pode ser paz, só pode ser felicidade.

Ouvi dizer que uma velha senhora estava viajando de ônibus e estava muito ansiosa, preocupada, perguntando continuamente que parada era essa. O passageiro que havia sentado ao lado dela disse: “Relaxe, não se preocupe. O motorista irá anunciar cada parada, e se você estiver muito preocupada eu o chamarei aqui. Você pode dizer a ele onde quer descer, assim ele fica avisado. E você pode relaxar!” Ele chamou o condutor e a mulher disse: “Por favor, lembre-se, eu não posso perder minha parada. Preciso chegar com muita urgência.” O condutor disse: “Está bem, eu prestarei atenção, embora mesmo sem o seu pedido, eu iria anunciar cada parada, mas tomarei cuidado e virei até você e lhe avisarei quando sua parada chegar. Relaxe, não se preocupe com isso!” Ela estava transpirando e tremendo, parecia tão tensa. Então ela disse: “Certo, preste atenção, preciso descer no ponto final.” Ora, se era no ponto final, porque preocupar-se? Como você poderia deixar passar o ponto final? Não há como perdê-lo!
No momento em que você descansa, na hora que relaxa, você sabe que a existência já está em movimento, buscando algo maior, picos mais altos. E você é parte disso. Não precisa ter ambições distintas.
Isso é relaxamento: descansar, deixar de lado todos os objetivos pessoais, deixar de lado a mente que deseja alcançar metas, todas as projeções do ego. E assim a vida torna-se um mistério. Seus olhos ficarão maravilhados, seu coração pleno de admiração.
Não iremos nos tornar algo – nós já somos algo. Essa é a essência da mensagem daqueles que despertaram: que você não tem que alcançar coisa alguma, isso já lhe foi dado. É o presente de Deus. Você já está onde deveria estar, nem poderia ser diferente, você não pode estar em algum outro lugar. Não há nenhum lugar onde ir, nada para alcançar. E como não há nenhum lugar para ir e nada a ser realizado, você pode celebrar. Assim não há pressa, não há preocupação, nem ansiedade, nem angústia, nem medo de fracassar. Você não pode fracassar. Pela própria natureza das coisas é impossível fracassar, porque não existe a questão de ter sucesso.

terça-feira, 13 de setembro de 2005

RISO (60)

A última surpresa do místico Chinês

O riso é eterno, a vida é eterna, a celebração continua. Os atores mudam, mas a peça continua. As ondas se sucedem, mas o oceano continua. Você ri, você muda - e alguém mais ri -, mas o riso prossegue. Você celebra, alguém mais celebra, mas a celebração continua. A existência é contínua, é um continuum. Não há um único momento de quebra nela. Nenhuma morte é a morte, porque cada morte abre uma nova porta, então é um começo. Não há fim para a vida, há sempre um novo começo, uma ressurreição. Se você trocar sua tristeza por celebração, então também será capaz de trocar a morte por ressurreição. Aprenda essa arte enquanto há tempo.

Ouvi falar em três místicos chineses. Ninguém sabe seus nomes hoje, e nunca se soube quais eram seus nomes. Eram conhecidos apenas como "os Três Santos Risonhos", porque nunca faziam nada além disso: eles riam. Essas três pessoas eram realmente belas, rindo com suas barrigas balançando. Era contagioso, pois os outros também começavam a rir. Todos na praça do mercado começavam a rir. Poucos momentos antes era um lugar feio, onde as pessoas só pensavam em dinheiro, mas subitamente esses três loucos chegavam e mudavam a qualidade de todo o mercado. Agora todos haviam esquecido que tinham ido comprar e vender. Ninguém estava mais cheio de ganância. Durante alguns segundos, um novo mundo se abriu. Viajavam por toda a China, indo de cidade em cidade, apenas para fazerem as pessoas rirem. Pessoas tristes, pessoas irritadas, gananciosas, invejosas, todas começavam a rir com eles. E muitos encontravam a chave: você pode se transformar. Contudo, quando estavam em um vilarejo, um dos três morreu. As pessoas do vilarejo se reuniram e disseram: "Agora haverá problemas. Agora vamos ver como eles fazem para continuar rindo. O amigo deles morreu, eles têm que chorar." Mas, quando chegaram, os dois estavam dançando, rindo e celebrando a morte. As pessoas disseram: "Isso é demais. Quando um homem morre, é profano rir e dançar." Eles responderam: "Durante toda a vida rimos com ele. Como podemos lhe dar o último adeus com qualquer outra coisa? Temos que rir, temos que nos divertir, temos que celebrar. Esse é o único adeus possível para um homem que riu durante toda a sua vida. Não podemos pensar nele como um morto. Como o riso pode morrer, como a vida pode morrer?" Então o corpo devia ser cremado e as pessoas do vilarejo disseram: "Vamos lhe dar um banho, como prescreve o ritual." Mas os dois amigos disseram: "Não, nosso amigo disse: 'Não executem nenhum ritual, não troquem minhas roupas e não me dêem um banho. Apenas me coloquem como estou na pira funerária.'Assim temos que sequir suas instruções." Então, subitamente, houve um grande acontecimento. Quando o corpo foi colocado sobre o fogo, aquele velho homem havia pregado a última peça. Havia escondido muitos fogos sob suas roupas, e houve um festival de fogos! Então todo o vilarejo começou a rir. Os dois amigos loucos estavam dançando, e logo todos estavam dançando também. Não era a morte, era uma nova vida.

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Tenho tanto sentimento

Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira

E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

(Fernando Pessoa)

Além da Ganância (07)

Uma parábola da ambição e da pressa

Sempre que as pessoas se tornam gananciosas, elas ficam bem apressadas, e tentam encontrar meios de ir mais rápido. Estão sempre correndo pois acreditam que a vida está se esgotando. São essas as pessoas que dizem, "tempo é dinheiro." Tempo é dinheiro? Dinheiro é muito limitado; o tempo é ilimitado. Tempo não é dinheiro, tempo é a eternidade. Sempre foi e sempre será. E você sempre esteve aqui e sempre estará aqui.
Então abandone a ambição e não se incomode com o resultado. Às vezes acontece que, devido a sua impaciência, você perde muitas coisas.

O homem fica completo se estiver em sintonia com o universo; caso contrário estará vazio, completamente vazio. E dessa vacuidade procede a ganância. A ganância serve para preencher esse vazio – com dinheiro, com casas, com mobília, com amigos, com amantes, com qualquer coisa – pois ninguém pode viver vazio. Isso é horrível, é uma vida fantasma. Se você estiver vazio e nada houver dentro de você, fica impossível viver.
Para ter a sensação de plenitude, só há dois caminhos; ou você entra em sintonia com o universo... Assim você fica preenchido pelo todo, com todas as flores e estrelas. Elas estão dentro de você assim como estão fora de você. Essa é a verdadeira plenitude. Mas se não fizer isso – e milhões de pessoas não estão fazendo isso – então o mais fácil é preencher o vazio com qualquer porcaria.
Ambição simplesmente significa que você está sentindo um vazio profundo e você quer preenchê-lo com o que for possível, não importa o que seja. E uma vez que você compreende isso, então você nada mais tem a ver com a ambição. Você tem algo a ver com vir para uma comunhão com o todo, assim a vacuidade interior desaparece. E com isso, toda ganância desaparece.
Mas há pessoas loucas por todo o mundo, e elas estão colecionando coisas para preencher a vacuidade delas. Há quem esteja acumulando dinheiro embora nunca o utilize. Há os que comem compulsivamente; e ainda que não sintam fome continuam a engolir. Sabem que isso irá criar sofrimento, que ficarão doentes, mas não conseguem parar. Essa comilança também é uma forma de preenchimento.
Portanto, pode haver muitas maneiras de preencher o vazio, embora este nunca seja preenchido – permanece vazio, e você permanece miserável, pois nunca há o bastante. Mais é necessário, e esse mais e a exigência por mais é infinita.
Você precisa entender a vacuidade que você está tentando preencher, e faça a pergunta, “Porque estou vazio? A existência é tão plena, porque me sinto vazio? Talvez tenha perdido o rumo – não esteja mais movendo-me na mesma direção, não seja mais existencial. Essa é a causa da minha vacuidade.”
Então siga a existência.
Relaxe, e aproxime-se da existência em silêncio e paz, em meditação. E um dia você irá perceber que estará pleno – abundante, transbordante – de alegria, de êxtase, de bem-aventurança. Você estará tão pleno desses sentimentos que poderá distribuí-los para o mundo inteiro e ainda assim não se sentirá cansado.
Nesse dia, pela primeira vez você não terá qualquer ambição – por dinheiro, por comida, ou por qualquer outra coisa.
Você viverá naturalmente, e encontrará tudo que você precisar.

domingo, 11 de setembro de 2005

Meditação do Dia 10.09.2005

DESPRENDIMENTO (31)
Hakuin e o recém-nascido

Continue a sentir algo dentro de você que seja o mesmo não importa o que aconteça na periferia. Quando alguém o insultar, concentre-se até o ponto onde você fica apenas escutando-o - nada fazendo, sem reagir, apenas escutando. Ele está lhe insultando. E depois alguém está lhe elogiando - apenas escute. Insulto ou Elogio, honra ou desonra, apenas escute. Sua periferia ficará perturbada. Olhe também para isso, mas não tente mudar. Apenas olhe mantendo o seu centro, olhando dalí. Você terá um desprendimento que não é forçado, o qual é espontâneo, natural. E uma vez que você tenha sentido esse distanciamento natural, nada mais poderá lhe perturbar.

Numa aldeia onde o grande mestre Zen Hakuin vivia, uma moça ficou grávida. O pai dela maltratou-a para saber o nome do amante dela e, finalmente, para escapar da punição, ela disse a ele que era Hakuin. O pai não disse mais nada, mas quando chegou a hora e a criança nasceu, ele imediatamente levou o bebê até Hakuin e o pôs a seus pés. “Parece que essa criança é seu filho,” ele disse, e depois descarregou insultos e seu desprezo na desonra que aquilo representava.
Hakuin apenas disse, Oh, é mesmo?” E pegou o bebê nos seus braços. Onde quer que ele fosse, ele levava o bebê, envolto nas mangas de seu quimono esfarrapado. Durante os dias chuvosos e noites tempestuosas ele saia para pedir leite nas casas vizinhas. Muitos de seus discípulos, considerando-o fracassado, se voltaram contra ele e o deixaram. E Hakuin não disse uma palavra.
Enquanto isso, a mãe achou que ela não podia suportar a agonia da separação de seu filho. Ela confessou o nome do verdadeiro pai, e o próprio pai dela foi até Hakuin e prostou-se diante dele, suplicando por perdão. Hakuin apenas disse, “Oh, é assim?”, e devolveu-lhe a criança.
Para o homem comum o que os outros dizem é muito importante, pois ele nada possui dele mesmo. Não importa o que pensam ser, não passam de opiniões das outras pessoas. Alguém disse: Você é bonito. Alguém disse: você é inteligente. E a pessoa vai acumulando todas essas opiniões. Daí ele ficar sempre assustado e não deve comportar-se de certa maneira para não perder sua reputação, respeitabilidade. Ele está sempre com medo da opinião pública, o que as pessoas irão dizer, porque tudo que ele sabe sobre si mesmo é o que as pessoas lhe disseram. Se as pessoas mudarem de idéia, o deixam desnudo. Assim ele não sabe quem ele é, se feio, se belo, inteligente ou tolo. Ele não tem nenhuma idéia, nem mesmo vagamente, de seu próprio ser: depende da opinião dos outros.
Mas aquele que medita não precisa da opinião dos outros. Ele conhece a si mesmo, não importa o que os outros dizem. Mesmo que o mundo inteiro diga alguma coisa que vá contra sua própria experiência, ele irá simplesmente rir. No máximo, essa pode ser a única resposta. Ele, contudo, não irá tomar nenhuma atitude para mudar a opinião das pessoas. Quem elas são? Elas não se conhecem, mas ainda assim tentam rotulá-lo. Ele irá rejeitar os rótulos. Ele simplesmente dirá, “Sou aquilo que sou, e é desse jeito que vou ser.”

sábado, 10 de setembro de 2005

Meditação do Dia 09.09.2005

GRATIDÃO (29)

Uma noite sem abrigo

A partir do momento em que uma pessoa é capaz de ser grata tanto pelo sofrimento quanto pelo prazer, sem qualquer distinção, sem nenhuma escolha, apenas sendo grato por aquilo que lhe é dado... Porque se foi dado por deus, deve haver uma razão para isso. Podemos gostar ou podemos não gostar, mas isso deve ser necessário para o nosso crescimento.
Inverno e verão são ambos necessários para o crescimento. Uma vez que essa idéia se fundamenta no coração, então cada momento de vida é um momento de gratidão. Deixe que isso se torne sua meditação e sua oração: Agradeça a deus por cada momento: pelos risos, pelas lágrimas, por tudo. Assim você verá surgir um silêncio em seu coração que você não conhecia antes. Isso é o êxtase.

A primeira coisa é aceitar a vida como ela é. Aceitando-a, o desejo desaparece. Aceitando a vida como ela é, a tensão desaparece, o descontentamento desaparece; aceitando-a como ela é, a pessoa começa a sentir-se muito alegre – sem nenhum motivo aparente!
Quando a alegria tem um motivo, esta não vai durar muito tempo. Quando alegria é sem razão, ela vai estar aí para sempre.
Isso aconteceu na vida de uma mulher Zen muito conhecida. O nome dela era Rengetsu. Muito poucas mulheres alcançaram o supremo no Zen. Essa é uma dessas raras mulheres.
Ela estava numa peregrinação e chegou numa vila ao pôr do sol e pediu abrigo para a noite, mas os vilarejos fecharam suas portas. Eles eram contra Zen. O Zen é tão revolucionário, tão totalmente rebelde, que é muito difícil aceitá-lo. Aceitando-o você vai ser transformado; aceitar o Zen será como passar através do fogo, você nunca mais será o mesmo novamente. Pessoas conservadoras sempre foram contra tudo que é verdadeiro na religião. Tradição é tudo que é inverídico na religião. Então esses moradores do vilarejo deviam ser os Budistas tradicionais, e não permitiram que essa mulher ficasse na cidade, eles a mandaram embora.
Era uma noite fria, e já velha, estava sem abrigo, e faminta. Teve que improvisar um abrigo debaixo de uma cerejeira nos campos. Estava realmente bem frio, e ela não conseguiu dormir bem. E era também perigoso – animais selvagens e tudo mais. A meia-noite ela acordou – devido ao frio intenso - e viu, no céu noturno, as flores abertas da cerejeira sorrindo para a lua enevoada. Tomada pela beleza, ela levantou-se e curvou-se na direção da vila, em sinal de agradecimento, com essas palavras: Através de sua bondade ao recusar-me abrigo descobri-me sob as flores na noite desta lua enevoada.
Ela se sente agradecida. Cheia de gratidão, agradece aquelas pessoas que lhe recusaram abrigo. Do contrário estaria dormindo sob um tecto comum e teria perdido essa benção – o cerejeiro florido, esse sussuro com a lua enevoada, e o silêncio da noite, esse profundo silêncio da noite. Não está zangada, ela aceita o que aconteceu. Não só aceita-o, o recebe com boas vindas, ela sente-se grata.
A pessoa torna-se um buda quando aceita tudo que a vida traz, com gratidão.

quarta-feira, 7 de setembro de 2005


Amigos são como anjos que nos levantam nas pontas dos pés.
Quando as nossas asas têm problemas, eles lembram-nos como voltar a voar.

terça-feira, 6 de setembro de 2005

Quando as coisas vão erradas, não pense que todos os seus esforços têm sido em vão.
Sorria e experimente outra vez...
Pode ser que o seu aparente fracasso venha a ser a porta mágica que o conduzirá para uma nova felicidade que antes você jamais conheceu.
Você pode estar enfraquecido pela luta, mas não se considere vencido...
Isto não quer dizer derrota.
Não vale a pena gastar o precioso tempo em lágrimas e lamentos...
Levante-se e enfrente a vida outra vez.
E se você guardar em mente o alto objetivo de suas aspirações, os seus sonhos se realizarão.
Tire proveito dos seus erros, colha experiências das suas dores e, então, um dia você dirá:
EU VENCI, PORQUE OUSEI EXPERIMENTAR OUTRA VEZ....!
(da minha amiga Beth)

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Quando...

"Quando for amar, ame o mais profundamente que puder...
Quando for falar, fale o que for realmente necessário...
Quando sorrir, procure sorrir com os olhos também...
Quando pensar em desistir, lembre-se da luta que foi começar, e não desista!
Quando quiser se declarar a alguém, faça isso sem medo do que essa pessoa pensará de você...
Quando sonhar, sonhe bem alto, bem longe...
Quando for partir, não diga "adeus", diga que foi tudo maravilhoso...
Quando abraçar um amigo, abrace com todo carinho e lembre desse abraço por toda a vida!
Quando precisar de ajuda, não se envergonhe de pedir socorro, sua humildade vale a vitória...
Quando tentar algo de novo na vida, tente pra valer, mude, arrisque-se, viva intensamente...
Quando você precisar de alguém, lembre-se de mim, estarei aqui torcendo por você e pela sua felicidade!
Viva intensamente a aurora de cada dia. Faça de cada momento um devaneio contínuo.
Torne-se mais e mais forte. Sonhe e conquiste seus sonhos."
(da minha amiga Beth)