
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
Álvaro de CamposFoto: Olhares.com/Nelson SantosÉ assim que me sinto... cansada... muito cansada.
O final do ano de 2008 foi complicado e intenso e o início de 2009 ainda mais difícil e doloroso foi. A morte do meu pai. O apoio necessário à minha mãe, depois de 53 anos de vida em conjunto. A falta que lhe faz o seu companheiro de sempre. O aproximar da data de aniversário dele, no próximo dia 22, que intensifica a saudade de alguém que está ainda tão presente entre nós.
Os dias passaram rápido e houve tanta coisa a tratar que nos foi ocupando os pensamentos e as acções. Agora que a poeira começa a assentar, as forças começam a desaparecer ou apenas a esgotar todas as energias que havia para gastar.
Ultimamente, sinto que estou diferente. Sem vontade para nada. Uma dificuldade enorme em me concentrar. Também tenho tido imenso trabalho, o que intensifica o meu cansaço físico e psicológico. Vou aos vossos blogues, mas quando quero comentar, fico completamente bloqueada e as palavras não saem. Limito-me a ler-vos à procura de uma distracção, um ânimo, uma energia exteriores a mim própria. A isso chamo partilha. Um pouco de vós que recebo com muito prazer.
Espero que os quatro dias que aí vêm sirvam para recompor-me um pouco, buscar forças e energias onde elas ainda existam, aproveitar para descansar e, acima de tudo, tentar organizar ideias e colocá-las nos sítios devidos.
Espero não ter sido maçadora com este meu texto meio baralhado e perdido, mas é assim que me sinto actualmente e hoje em particular. Por isso, aqui estou eu, no meu blogue, para desabafar comigo própria.
Obrigada por me lerem e pelo vosso carinho e apoio, sempre que deles preciso.